O gosto da água salgada é a primeira coisa que você sente ao acordar. Sua cabeça dói. Como veio parar aqui? Você não sabe. Ao tentar acessar a última memória em sua mente, sua cabeça dói. Não consegue se lebrar de absolutamente nada. Sua perna está dormente e sua boca está seca. Quem é você? Não se lembra. Você se senta, meio atordoado. A sua frente, ondas quebram na praia. Nuvens de tempestade se formam ao longe no mar. Pela primeira vez você repara na sua roupa: uma calça cinza grossa, camisa também cinza com a sigla C.P.N.C. Só isso. Nada mais. Ao seu lado, uma mochila camuflada. E um bilhete. [[Que porra ta acontecendo!?]] [[O.K. Calma. Esse bilhete. Ele deve ter alguma informação.]] [[Preciso de água! Urgente!]] Você se desespera. Não lembra quem é. Não lembra onde está, não se lembra de absolutamente nada. As únicas coisas ao seu redor são uma extensão infindável de areia a sua direita e a sua esquerda e a sua mochila no chão. Num breve momento de curiosidade, você olha pra trás. Seu coração para. Nuvens de tempestade também se formam deste lado, mas a sua visão, é ainda mais assustadora: árvores mortas, queimadas pelo que parece, são o que compõe o cenário. Um grupo de montanhas cinzas e pontiguadas se destacam ao longe. A vegetação que ainda sobrevive ali, é rasteira, e aparentemente nada amigável. O cenário que você vê a sua frente é desolador. Nenhuma alma viva aparentemente anda por aquelas terras. Seria o típico cenário que o Jason se sentiria em casa. [[Ficar sentado não ajuda em nada, deve haver alguém nesse inferno que saiba o que está acontecendo.]] [[Preciso comer, não vou durar muito sem comida.]] [[ONDE DIABOS É A SAÍDA? TO NA ILHA DO LOST? ALGUÉM ME AJUDA!]] Isso é muita maluquice. O que está acontecendo? Você pega o bilhete em cima de sua mochila. É uma folha de caderno, arrancada e dobrada. Com apenas algumas palavras. Simples palavras. "Corra e sobreviva. Você é a última salvação". [[Que porra ta acontecendo!?]] [[O que tem nessa mochila?]] Ao lado da mochila, existe um cantil prata, de aproximadamente uns 500mL. Você bebe como se não ouvesse amanhã, mas a água ali existente não chega nem perto de matar a sua sede. [[Que porra ta acontecendo!?]] [[O que tem nessa mochila?]] Você pega a mochila camuflada. Dentro dela, existe uma pequena adaga com cabo de couro, de aproximadamente 25 centímetros, duas barras de cereais também com a sigla C.P.N.C. em uma embalagem cinza simples e um saco de dormir preto. Só isso. Nada mais, nada a menos. [[Que porra ta acontecendo!?]] Uma volta pela ilha me da resposta que eu temia: não existe sinal de vida. Nada. Além de um deserto de areia e galhos secos. Nem um passáro sequer. Depois de quase uma hora caminhando, vejo uma pequena cabana a uns 300 metros. "Um sinal de vida!", penso na hora. Corro em direção a ela. Pequena, feita de tijolos de barro, com uma pequena porta semi aberta. Com um pouco de receio, entro na casa. Ela parece um colírio, tudo ali é arrumado. Mas parece que ninguém mora ali a séculos. Poiera e areia da praia tomam conta do lugar, os móveis, outrora novos e bem cuidados, hoje se mostram desbotados. Seja la quem morava ali, fazia tempo que não voltava. [[Vou dar uma olhada pela casa.]] [[Deve haver alguém nessa ilha, pelo amor de Deus!]] Depois de alguns minutos caminhando, não ouço nada. Não ouço um passáro. Não vejo nenhuma movimentação de nenhum tipo de animal. Talvez, uma caminha ilha a dentro seja a resposta, por que se não, pelo visto, morrei de fome. [[A solução é caminhar.]] [[Deve haver alguém nessa ilha, pelo amor de Deus!]] Uma voz dentro mim dizia para eu me acalmar. Pelo visto, eu estava sozinho nessa ilha. Era eu e essa mochila. E uma mente com milhões de perguntas, sem nenhuma resposta. [[A solução é caminhar.]] Você decide caminhar em direção ao cenário nada animador a sua frente. Tudo ao seu redor parece estranho, como se nada do que está ali REALMENTE devesse estar ali. A vegetação é seca por todo lugar. Uma seca não faz sentido aqui, pois o ar é úmido ao meu redor. E, se, as plantas são secas, não deve haver animais herbívoros aqui. O que provavelmente afeta o fato de não se ver animais carnívoros. Esse lugar parece estar morto. Olho pra frente. As montanhas cinzentas e pontiagudas pareciam formar uma linha que atravessava a ilha de um lado até o outro. Atrás dela, uma luz fraca emanava. Seja lá o que for, parece ser melhor que esse inferno. [[Vamos ver o que é essa luz.]] [[Preciso de algo pra me defender]] Mais algumas horas, e finalmente chego na tal montanha. Não parece nada de mais. Apenas um monte de pedra idiota. Mas aqui, posso ver a luz com mais clareza. Ela brilha mais forte. Do outro lado dessa montanha, parece existir alguma coisa. Um vento vem de cima dela, e sinto o cheiro de terra molhada. Seja lá o que for, existe algo atrás disso. [[Vamos escalar logo!]] Não existe uma madeira sequer que sirva pra formar uma lança ou algo do tipo. As madeiras são todas secas, podres ou algo do tipo. Era como se aquele lugar fosse amaldiçoado. Nada crescia. Nada se criava. A única solução aparente, era seguir aquela luz atrás da montanha. [[Vamos ver o que é essa luz.]] Armários e prateleiras estão vazios. Os quartos, são estranhos. Em cada um deles existe uma pequena cama, como se algum ser bem pequeno dormisse ali. Uma estante de livros num canto da sala, tem tanta poeira que daria pra encher um caminhão. Chego perto, e a loucura cresce mais um pouco. As "letras" são indecifravéis. Nenhum deles está em português, inglês ou outra coisa. Até mesmo Russo seria fácil. Os livros pareciam ser um emaranhado de desenhos e formas estranhas. um deles me chama a atenção, pois tem as únicas letras aparentemente. Num livro de capa preta gasta, as letras CPNC estão grifadas a mão. [[São as mesmas letras da minha roupa.]] [[Foda-se essa tranqueira. Eu quero sair daqui.]] Pelo visto, se existe uma casa aqui, deve ter sobrado mais alguma coisa. Será que não monstaram algum forte perto das montanhas cinzentas? Ou no meio dessa ilha? Talvez lá haja água. E comida! Porque essas barras de cereal não deram nem pro cheiro... [[A solução é caminhar.]] Sim. São as mesmas letras. Mas os desenhos, não entendo. CPNC são as única letras naquele livro. O resto, um monte de desenhos e simbolos sem nexo. Como se uma criança de 5 anos tivesse escrito. [[Foda-se essa tranqueira. Eu quero sair daqui.]] Não adianta, seja lá o que for esse lugar, a resposta não está aqui. [[A solução é caminhar.]] [[Deve haver alguém nessa ilha, pelo amor de Deus!]] Não tem outra forma pelo visto. Olho ao redor, mato seco e areia. Já cansei disso. A montanha tem uns 100 metros pelo visto, vai ser uma subida longa. [[Vamos lá!]] Quando começa a escalar, você ouve um rugido que trava seu coração. Quando você se vira, algo que não existia antes, e que definitivamente NÃO DEVERIA existir esta parado a quase 1Km. O rugido da criatura é tão alto que você consegue ouvir mesmo a essa distância. Um lagarto de 15 metros de comprimento, olhos obsidianos e escamas azuis reluzente esta parado. Asas esqueléticas irrompem de suas costas. [[É um dragão? Não me faltava mais nada!]] [[Agora é a parte que eu corro]] Meu cérebro realmente não consegue processar o que eu estou vendo. O monstro com escamas azuis fareja o ar ao seu redor, e parece que sente meu cheiro de alguma maneira. Ele estica aquelas asas longas e esqueléticas, que não deveriam erguer um Poodle, ergueu aquele monstro do chão. Ele subiu alguns metros do chão, farejeou o ar novamente, e sintonizou meu cheiro. E ele veio. Como um raio. Em minha direção. [[Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come.]] Largo a montanha e corro desesperado. Que merda é essa? O monstro está lá, parado, farejando o ar, quando, do nada, alça voo. Aquelas asas esqueléticas, que pareciam não aguentar sequer o meu peso, alçou aquele monstro de toneladas no ar. Ele olha na minha direção. Sentiu meu cheiro. Não há como fugir. [[Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come.]] O mosntro soltou mais um rugido e veio em minha direção. Eu não tinha feito nenhuma arma com madeira, e a única coisa que eu tinha era a adaga que estava na mochila. Meu instinto, de alguma maneira, estava dividido. Parte de mim queria lutar, a outra, queria apostar corrida com aquele bicho, subir a montanha e tentar chegar ao outro lado, na esperança de que houvesse algo do outro lado. Tenho uma fração de segundos pra decidir o que fazer. [[Lutar]] [[Correr e escalar]] Meu instinto me avisou, não havia maneira fácil de sair daquilo. Peguei a adaga que havia em minha mochila e senti seu peso em minha mão. Era leve, mas mortalmente afiada. O monstro vinha em minha direção lambendo os beiços, soltando fagulhas por entre suas narinas. "Quer vir? Pode vim coisa feia, vamos brincar!" Não sei de onde essa coragem havia saído, mas parecia que eu fazia aquilo a vida toda. O monstro parou a alguns metros de mim, e se lançou correndo em minha direção em uma velocidade assustadora, ele podia até não voar rápido, mas correr era outra coisa. Seu corpo vinha serpenteando, quebrando galhos e tocos secos pelo chão. Estava a alguns segundos de mim, com a boca aberta, pronto pra me morder, eu tinha uma pequena janela de tempo pra pensar no que iria fazer. [[Rolar para esquerda e tentar esfaquea-lo pelo flanco]] [[Rolar por baixo dele, e tentar enfiar a adaga na sua barriga]] Corri contra a montanha e começei a escala-la. Como se não houvesse amanhã. E na verdade, se aquela coisa o pegasse, REALMENTE não haveria. Apesar do monstro voar, ele aparentemente era lento. Mas se aproximava mais rápido do que eu subia. A criaura uivava e urrava, vindo na minha direção. Faltava uns 30 metros pra eu chegar no topo, o monstro esta a uns 70 metros de mim. Por um breve momento, eu achei que iria conseguir chegar ao topo, descer a montanha escorregando e fugir pedindo ajuda. Mas foi nessa hora que tudo deu errado. Quando fui me segurar em uma pedra para dar o próximo passo, a pedra cedeu, meus pés ecorregaram, e eu cai. A queda não me matou por incrível que pareça, mas bati minhas costas no chão com uma força inacreditável. Todo o ar foi lançado para fora dos meus pulmões. Eu estava paralisado. A última coisa que vi antes de fechar os olhos e ouvir o rugido ao longe, foi o monstro abrindo a boca cheia de dentes, e um jato de luz vermelho saido de sua boca. [[Sons do Amanhã]] Num movmento que nem eu sei como fiz, rolei pela esquerda e deixei a adaga percorrer o corpo do monstro cravada, enquanto ele corria desenfreado, urrando de dor na direção da montanha. Fiquei segurando minha pequena arma, assustado comigo mesmo, sem saber como eu tinha feito aquilo. O monstro continuou sem rummo até que bateu na montanha, e uma chuva de pedras caiu, desabando em cima dele. Ele estava fraco, indefeso, mas não morto. Precisava terminar isso. [[Vou até a criatura para terminar o serviço.]] [[Ele ja está morto, não me é um problema.]] Num movimento que nem eu sei como fiz, rolei por baixo do monstro, cravando minha adaga em sua barriga, e fazendo um corte longo enquanto o monstro corria em direção a montanha. Fiquei segurando minha pequena arma, assustado comigo mesmo, sem saber como eu tinha feito aquilo. O monstro continuou sem rummo até que bateu na montanha, e uma chuva de pedras caiu, desabando em cima dele. Ele estava fraco, indefeso, mas não morto. Precisava terminar isso. [[Vou até a criatura para terminar o serviço.]] [[Ele ja está morto, não me é um problema.]] Sem pensar duas vezes, corro até o monstro e cravo a adaga em seu peito. Sinto o último suspiro de vida da criatura sair de seus pulmões quando perfuro o seu coração. Ela solta um grunhido baixo, e se dissolve, em areia e pó por sobre minhas mãos. Fico parado por um instante, sem intender muito bem o que aconteceu. EU quero sair, quero ir embora. Subo a montanha, o mais depressa que posso, e ao chegar no topo, a visão é incrível. A luz, que emanava cada vez mais forte a medida que eu subia, agora cega meus olhos por um momento. Logo após, quando meus olhos se acostumam com a claridade, consigo ver com clareza. Uma planície tão verde que me faz querer deitar e dormir ali mesmo. Animais e aves colorem toda a extensão dela. Uma cidade reluz, resplandecente, com torrers altas, pontes, e movimento de pesssoas, sim, pessoas, andando por ela. Meu coração para. É a coisa mais linda que ja vi na vida. A única coisa em que penso é "Paraíso". [[Sigo em Direção a cidade]] Decido por continuar subindo a montanha. A criatura, jaz morta no chão. Nãe é mais um problema. Subo o mais rápido que posso. A luz aumenta. O cheiro de terra molhada, plantas vivas e aconchego me da forças. Quando estou no topo, tenho um vislumbre de uma cidade magnifica, torrer brancas irrompendo commo dedos no meio de uma planície, animais voando e correndo por uma imensidão linda. A única coisa que minha mente pronuncia antes do som enlouquecedor chegar até mim é Paraíso. [[Sons do Amanhã]] Você desce a montanha a passos largos e corre em direção aquela beleza magnífica. O ar puro e fresco preenche suas narinas, e você consegue sentir vida nova pulsando em suas veias. Você para no portão de entrada da cidade, bestializado com tudo aquilo que vê. A cidade é toda de mármore branco polido, mercadores enchem as ruas, as pessoas passam felizes com seus famílias. Todas em vestes brancas ou cores claras. É um lugar lindo. Por onde passa, as pessoas lhe acenam, não parecem se importar com o fato de você não usar as mesmas túnicas, muito menos parecem encomodadas com o inferno que existe atrás daquela montanha. Você vê à algumas centenas de metros à sua frente o que parece ser o centro da cidade, um templo também de mármore, que emana a luz que preenche aquele lugar. [[É pra la que eu vou]] Você para em frente ao templo, com grandes estátuas de homens e mulheres que você desconhece. Na fachada do templo existem letras estranhas, mas que algum modo você consegue ler. Está escrito "Templo da Cidade da Luz, NÃO ENTRE." Alguma coisa diz que sua missão é entrar ali, que foi pra isso que você veio até aqui. Outra, quer achar uma cama quente, um lar. Esse lugar é magnifíco, e você merece seu lugar aqui. Pelo visto, não há dor, e todos vivem alegre. Eu poderia ficar aqui, viver feliz, e esquecer a voz me mandando entrar no templo. A escolha é sua. [[Entrar]] [[Não Entrar]] Você entra no templo. No centro, uma luz branca resplandece. Essa luz, é emanada de um pequeno orbe. Você vai em direção a esse orbe. Sente que ele emana poder. A vontade de toca-lo é enorme. No momento em que você o toca, você sente um tufão de ar entrando em suas narinas. Você está em uma cama, com a mesma roupa. Médicos estão ao seu redor em uniformes azuis e máscaras. "Ele voltou!" "Ele conseguiu!" "Depois de anos, ele é o primeiro"! Você não entende o que está acontecendo, mas sente que o orbe está em sua mão. Seu corpo está paralizado. Você sente uma dor, e quando olha para a frente, um médico passa com o orbe E COM SUA MÃO. Ele cortou a sua mão. Você não entende. Está com medo. Os médicos estão eufóricos. Você vê, a sua esquerda, um que arece ser o líder daquele lugar, com sua mão segurando o orbe. "Presidente, aqui é o Dr. Angus, do Centro de Pesquisas Não Convencionais.. Nós conseguimos, a cobaia finalmente trouxe o orbe. Conseguiremos entrar na Cidade da Luz!" Eles trocam frases e palavras de parabenizações, estão como se tivessem ganhado um campeonato. Meu corpo dói, tento me mexer, mas não consigo. A última coisa que ouço é: "Excelente! Se livrem da cobaia e das testemunhas. Iniciem a fase 2!" A voz dizendo que você deveria entrar naquele templo martelou na sua mente por mais algum tempo. Depois disso, você entendeu. Arrumou uma casa, aprendeu que aquele era o lar dos escolhidos, a Cidade da Luz, o Paraíso. Que do outro lado daquelas montanhas, existia dor, sofrimento, e que até existia um modo de voltar para o mundo humano. Aos poucos, você se lembrou de sua vida. Você foi mandado junto com um grupo, para um experimento. A CPNC (Centro de Pesquisas Não Convencionais), ouviu lendas sobre a cidade da luz, e descobriu um jeito de entrar na divisão que ela existia. Queria levar esse poder aos humanos, e então, decidir, quem entra e quem sai. Sua decisão deve ter desagradado seus superiores, e seu corpo humano a essa altura, ja deve ter apodrecido. Mas nada disso importa. A Cidade da Luz é seu lar. E você é um escolhido.